As calcificações no ombro podem permanecer assintomáticas por anos, mas quando ocorre o processo inflamatório surgem os sintomas: dor e desconforto. Os tratamentos conservadores, como o tratamento por ondas de choque, apresentam bons resultados.
O que é
Os tendões são estruturas fibrosas e flexíveis que ligam os músculos aos ossos. A principal função deles é ajudar na realização dos movimentos e na transferência de força. O ombro é uma das regiões do corpo onde se encontram diversos tendões que, assim como outras regiões tendinosas, pode sofrer com lesões e patologias.
A tendinopatia calcárea do ombro é uma dessas condições e se caracteriza pelo depósito de hidroxiapatita no tendão, ou seja, o depósito de cristais de cálcio no interior dos tendões; por isso também é chamada de calcificação no ombro. Ela acontece com mais frequência no tendão do supraespinhal, mas pode atingir os outros tendões da região.
Causas e sintomas
As causas da tendinite calcárea ainda não são completamente conhecidas. Existem algumas teorias que buscam explicar como acontece a calcificação do tendão. Elas envolvem, inclusive, teorias multifatoriais, como fatores genéticos, processo de degeneração do tendão e baixo fluxo sanguíneo.
Os estudos levaram a entender que tendinopatia calcárea do ombro é dividida em três fases: pré-calcificação, calcificação e pós-calcificação (processo raro de desintegração eventual e espontânea).
Muitos pacientes podem desenvolver a calcificação e permanecer anos sem apresentar nenhum sinal; essa é a primeira fase da doença. O que acontece é que, em muitos casos, o corpo começa a responder a essa alteração e desenvolve um processo inflamatório. Nessa segunda etapa, os sintomas se tornam evidentes: dor (intensificada à noite, no período de descanso), desconforto e dificuldade ou incapacidade para realizar os movimentos.
Importante frisar que a tendinite calcárea pode acometer um ou os dois ombros, não existindo uma regra. A incidência é maior em pessoas entre 30 e 50 anos.
Diagnóstico
Muitos pacientes descobrem que possuem tendinopatia calcárea por acidente. Isso acontece principalmente na fase inicial, na pré-calcificação, quando não há sintomas. O mais comum é receber o diagnóstico após a realização de um raio-x no local.
Nos outros casos, o mais comum é que o paciente procure um médico ortopedista após o início dos sintomas. Nessas situações, o especialista realiza uma série de exames, tanto clínicos como de imagem (radiografia e ultrassonografia). Após a análise dos sintomas e dos exames, é possível diagnosticar a condição e partir para as opções de tratamento possíveis.
Tratamentos
O tratamento para a tendinite calcárea do ombro vai depender da fase em que a doença está. Quando descoberta na primeira etapa ou no começo da segunda etapa, os resultados por meio de tratamento conservador, sem intervenção cirúrgica, costumam apresentar resultados positivos.
O especialista pode recomendar o uso de anti-inflamatórios aliado a sessões de fisioterapia para fortalecer a região. O repouso também á bastante importante nesse processo de recuperação para evitar a sobrecarga do ombro.
Existe uma porcentagem desses casos que não apresenta resultados, bem como os quadros identificados já numa fase mais avançada.
Nessas situações, uma das técnicas indicadas é o tratamento por ondas de choque, com geradores focais e com alta energia, pois são dependentes de focalização e trata-se de um método não invasivo e sem a necessidade de anestesia. Basicamente, ele ajuda a “quebrar” a região calcificada, auxiliando no processo de regeneração e alívio da inflamação. Os índices de desintegração dos pacientes tratados por ondas de choque chegam a 70% – sem surgimento de novos depósitos.
Ainda assim, existem casos que não respondem a nenhum tipo dos tratamentos citados. Nessas condições, pode haver a indicação de um procedimento cirúrgico para a retirada do depósito de hidroxiapatita, que pode ser efetuado por meio de artroscopia ou cirurgia aberta. O processo de recuperação aqui é mais lento, mas as taxas de sucesso também são bastante expressivas. É importante frisar que o tratamento por ondas de choque focalizadas com alta energia é uma opção real de tratamento por apresentar nível de evidencia médica elevada, e salientar que as ondas de pressão radial, ou subsônicas, não tem a mesma qualidade de resolução.